Esse post é a cópia de um e.mail enviado a um amigo produtor cultural, pelo grande baixista de Jazz: José Boldrini, músico veterano e respeitado no meio musical curitibano...mas, obviamente, não respeitado pela Prefeitura e pelos vizinhos inconsequentes do Beto Batata do Alto da XV!
Olá Alvaro.
Estou muito preocupado com essa situação porque leis são criadas e medidas são tomadas sem que se olhe o lado do profissional que está sendo atingido imediatamente, sem o direito de se defender. Praticamente, tudo que ganho vem dos dias que toco no Beto... O que mais me impressiona é que essas coisas acontecem de repente e temos que ficar sem emprego de uma hora para outra...Será que ninguém percebe que, enquanto o vizinho do Beto dorme com o ar de vencedor e a Prefeitura posa de bom menino, os músicos, cerca de uns 40, ficaram DESEMPREGADOS só no Beto Batata?
Não me conformo que isso esteja acontecendo comigo e meus colegas. Acho que nenhuma dessas pessoas que cometeram esse ato sabem exatamente quantas e quais pessoas atingiram.
Alvaro, eu não sou bom de escrita, mas tenho sentimento. 57 anos de idade, mais de 40 anos a serviço da nossa cidade, e aí isso, por tempo indeterminado. Primeiro nos ferram, vão pra casa dormir tranquilamente. Depois, só depois vão ver se existe outro meio de resolver isso, depois que nossa paciëncia se esgotar, que nossa moral cair a níveis inimagináveis. Não somos só cidadãos, somos os seus artistas, aqueles únicos que eles podem pagar. Bem ou mal estamos aqui para fazer arte e cultura. Estou sem saber o que fazer para ser ouvido, não sei qual o direito que tenho de continuar vivo e fazendo arte para esta cidade. Será que eles sabem o nível de artista somos ? Será que esta cidade merece menos do que podemos dar ?
O que eles querem ter como artistas nesta cidade? Gente tocando violão e gaita por esmola na XV, moleques rasgados, doentes e famintos fazendo malabaris com pedrinha, limão ou bolinha de plástico nos faróis ?
Podem tomar essas medidas sem saber que estão desempregando um único musico que seja. E estamos falando de quase uma centena se contarmos todas as casas que foram autuadas.
Fiquei burro. Fui enganado e descobri que não valho nada nesta cidade.
Forte abraço.
Boldrini.
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